segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MAIS UMA VEZ...


Indignação. Não há palavra que descreva melhor o meu sentimento em relação à imprensa brasileira, principalmente à Rede Globo, sobre o caso Paula Oliveira.

Infelizmente muitos telespectadores e leitores de jornais dão crédito aos veículos de comunicação dominantes no país. As notícias por vezes não são julgadas, visto que a credibilidade da marca sobressalta aos questionamentos.

Não é a primeira vez que a mídia se precipita em informar, aliás, tornar público um fato não verdadeiro. O caso Escola Base foi o primeiro conhecido por mim. Não me lembro se a repercussão rompeu o território nacional, mas tenho convicção de que não foi menos grave que qualquer outro erro de alguns que se dizem jornalistas.

Lembro-me também do depoimento que ouvi do jornalista José Cleves, o qual se referia à acusação que recebera da polícia, e da imprensa, pelo assassinato de sua mulher quando, juntos, retornavam de um shopping da região noroeste de Belo Horizonte. Coitado. Perdeu o moral por um crime que não cometeu. As perseguições são para todos, inclusive para os que se sustentam com ela. Faço valer aquele velho ditado “um dia da caça, outro dia do caçador”.

Ainda sobre o caso Paula Oliveira, uma pernambucana, de 26 anos, que vivia na Suíça onde advogava numa multinacional. Jovem, mas com uma mente perturbada que além de várias mentiras exageradas se autoflagelou em troca de não sei o quê. Não acredito que ela seja psicopata. Um doente mental não teria imaginação o suficiente para tanto.

De fato, a Rede Globo não trouxe à tona essa história ilusória sem na essência investigá-la, apenas para mostrar que uma brasileira teria sido atacada por estrangeiros. A xenofobia é realidade em muitos países de primeiro mundo, e subdesenvolvidos também, por incrível que pareça. Vários brasileiros são deportados e agredidos diariamente, sem motivo e sem dó.

Por que então a maior emissora do país daria tanto crédito a essa mentira, sem questionar e acompanhar o parecer de todos os envolvidos (digo “todos os envolvidos” porque era desconhecido por todos naquele momento que a vítima era a ré)?

Após uma pesquisa, que não durou mais de dois dias, pude concluir que mais uma vez a política é influente demais para ser subestimada. O porta-voz inicial de toda a ficção, Paulo Oliveira, pai da recifense alucinada, é envolto nela, apesar de também ser advogado. Amigo do peemebedista Armando Monteiro Filho, do deputado Roberto Magalhães (DEM-PE), do senador Marco Maciel (DEM-PE), e de muitos outros, não encontrou dificuldades para chegar à impressa, especificamente ao jornalista Ricardo Noblat, com a falsa barbárie que ouvira da filha.

Não duvido que tenha sido esse o motivo tenha levado o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o presidente Lula a interferirem no caso, quase colocando em xeque a relação amigável entre a Suíça e o Brasil.

Mais uma vez a imprensa é vendida. Mais uma vez o brasileiro é enganado.

Assista a reportagem ("barriga") sobre o caso Paula Oliveira, exibida em 12/02/2009, pelo Jornal Nacional